Boletim
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E MAMÃE
E MAMÃE
PARTIU...
PARTIU...
Apresentação....
Este boletim não é apenas uma
homenagem à minha mãe, Ítala,
que partiu para o Outro Lado
no dia 20 de junho deste 2007.
É uma forma de transmitir aos
amigos, a forma como vejo hoje as
passagens, a tranqüilidade para
enfrentar esse momento, e a
coragem de depositar a mãozinha
dela, nos seus momentos finais,
nas mãos de nossos Amigos,
que de Lá, acompanharam e
ajudaram na transição.
A cada partida a gente cresce um
pouco... e a vida na Terra ganha
ainda mais importância. Bate a
noção de que o tempo passa rápido
e urge plantar, plantar e plantar...
E é o que seguirei fazendo, agora
tendo duas estrelinhas brilhando
nos céus, para me esperar:
o Fernando, meu marido, e a mamãe.
Em cada boletim, ao assinar essa
coluna deixo sempre um abraço ao
Leitor. Dessa fez deixo-o para a
minha mãezinha, com todo o meu
orgulho de ter sido sua filha.
Beijos, mãe! E até um dia!
Sonia
A CORAGEM...
Em agosto de 2005, por uma simples chapa de pulmão (tirada apenas para a
investigação de um simples resfriado), contatou-se que manchas eram sinal de tumor.
Viria a confirmar pouco depois: mamãe estava com câncer de pulmão (embora jamais
tenha pego num cigarro). Dali por diante travei a batalha de não deixar que ela
soubesse da verdade, e tenho a convicção de que foi a atitude mais certa.
Aos 80 anos, para que informar? Para antecipar a tragédia e pô-la em desespero de
preocupação por deixar meu pai com 88, então?
Conduzi conforme minha intuição e assim foi.
Tive a alegria de trazê-la para a minha casa nos seus dois últimos meses de vida, que
ela imaginava ser apenas umas “férias” na casa da filha. Estava feliz e convencida de
que iria se curar da tosse que a incomodava um pouco.
E tudo transcorreu com calma, dignidade e tranqüilidade. Apenas dois dias antes de
sua partida iniciou-se a falta de ar, que iria se agravar, segundo eu já estava informada.
Então era hora de levá-la ao hospital e ter todo conforto para partir.
O coração da gente, pequeno. Mas a força de fazer o melhor por ela, falando mais alto.
Internamo-la cientes da gravidade e que os minutos se escoavam.
Subitamente, eu, que escondi dela toda a verdade sobre seu quadro clínico por quase
um ano, me vi impulsionada a contar, nos últimos momentos, a verdade. Bateu-me a
idéia de que dentro em pouco ela partiria... que não teríamos nos despedido, ou pior,
que ela pudesse imaginar que a abandonamos e, de repente, ela faleceu. Ela era
católica, tinha seus 81 anos, super esperta e ativa. Estava totalmente desavisada de
que acordaria do Outro Lado etc. Não. Senti que era preciso que ela soubesse que nós
sabíamos e que fizemos o possível e o impossível.
Não sei de onde saiu a coragem para ter essa conversa, para sempre gravada na
minha mente:
-“Mãe.... eu quero que você saiba que nós fizemos tudo que
podíamos...”
Ela me olhou estranhando... e continuei. -“Mas você tem
uma doença grave...”
Ela, calmamente: -“Qual?”
-“Um tumor...”
Ela: -“Onde?”
-“No pulmão...”
Parou um pouco, e prosseguiu tranqüila: -“Eu vou morrer?”
-“Não, mãezinha... não vai. Porque ninguém morre... a
gente continua vivendo do Outro Lado...”
Ela: -“Quanto tempo eu terei falta de ar?”
-“Pouco. Você vai dormir...”
Ela: -“E não vou acordar mais?”
-“Vai... só que não deste Lado...”
Ela: -“Acho que estou com medo...”
-“Não tenha mãe... não tenha. Um dia todos nós vamos nos
reencontrar... você vai esperar por nós...”
Ela: -“E o papai?”
-“Não sabe de nada... como você nunca soube...”
Ela: -“E o Oswaldinho...?” (meu irmão).
-“Ele sempre soube... como eu sabia...”
Ela: -“E os médicos não sabiam?”
-“Sabiam mãe... mas eu pedia para que mentissem... pra te
proteger...”
As lágrimas desciam no meu rosto diante de tanta força e
calma dela.
Ela: -“Não chora, filha ...” E continuou: -“Eu não queria
deixar vocês...”
-“Nem nós queríamos que fosse assim, mãe!...”
Ela: -“Seu pai não vai agüentar muito tempo...”
-“Nós sabemos... ele vai atrás de você...” (e procurei rir da
piadinha sem graça...)
E numa lucidez indecifrável completou:
Ela: -“Preciso pedir pro Carlos cuidar de você... senão venho puxar o
pé dele!” brincou...
Eu ri...
Ela: -“Você já trouxe a minha roupa?” (pro enterro!)
-“Não se preocupa com isso, mãezinha...”
Ela: -“Junta minhas roupas e dá para quem possa aproveitar... e fica
com minhas plantas... cuida delas...”
-“Tá, fica tranqüila, cuidarei sim. Vou plantar no meu jardim...e
cuidar como você sempre cuidou...”
Ela: -“E cuida de seu pai...”
Nesse momento eu sai chorando do quarto e fui autorizar os médicos a
iniciarem a sedação.
Ela iria adormecer para não mais acordar.
E em poucos minutos ela cerrou os olhos... e aguardamos que seu
coraçãozinho parasse, várias horas depois...
NOTICIAS
NOTICIAS
ANTES E DEPOIS...
ANTES E DEPOIS...
Em dezembro, fiz uma gravação para pedir ajuda
Aos amigos espirituais e registrei:
1.Sr. Alemão: “ Quem não sabe é o pai!”
Isso confirmava que eles estavam cientes de tudo,
pois o papai continuava sem saber da gravidade
do caso da mamãe.
2. Sonia: “ Eu queria muito pedir ajuda...”
Sr. Alemão: “Vai defender! São seus pais!”
3. Sonia: “ Eu não peço nenhuma cura, só peço que
ela não sofra!”
Sr. Alemão: “Sabia! é filha!”
4. Aí me dirijo ao meu marido falecido Fernando:
Sonia: “Cê tem me ajudado muito, eu sei...”
Voz do Fernando: “Me comprometo!”
Sonia: “Eu conto com você, com sua ajuda pela
minha mãe, tá bom?”
5. Voz do Fernando: “Vem cá comigo!”
Confirmando que ela viria a partir.
Em outra gravação:
6. Sonia: “Queria também dar uma palavra pro
Fernando, pedir ajuda...”
Voz do Sr. Alemão: “Ele lhe inspira!”
No dia em que ela partiu, por volta do meio dia, retornei
para casa. À noite, exausta, com as últimas 4
Noites sem dormir, ainda quis fazer uma gravação:
7. Alemão: “Deve estar (com) papai!”
Sugerindo que eu agora amparasse meu pai.
8. Sr. Alemão: “Chegou aqui em casa!”
Sonia: “ Sr. Alemão! Boa noite!”
Foi gratificante saber que a mamãe já havia sido
recebida por eles e encaminhada para a casa,
conforme eu havia pedido ao Fernando.
9. Sonia: “ Eu disse que...”
Voz do Fernando: “Tá tudo em ordem!”
Sonia: “...entregaria a minha mãe, aos cuidados
dele...” (do Fernando).
10. Voz do Fernando: “Foi previsto lá!”
Sonia: “Fernando, cê recebeu a mamãe?”
De fato, ver no áudio número 4 ele havia prometido
recebê-la.
11. Voz do Fernando: “A mãe completa!”
Sonia: -”Por favor! Toma conta dela!”
12. Sonia: “ Você pode informar onde ela está agora?”
Voz do Fernando: Tô contente! Guardião!”
Aqui ele confirma que ela ficaria sob seu amparo.
13. Sonia: “Gostaria de saber se ela vai acompanhar
enterro (dela) amanhã?”
Voz do Fernando: “A maca está primeiro!”
14. Aqui meu marido responde antes da minha
pergunta:
Voz do Fernando: “Não estava!”
Sonia: “Fernando, ela está lúcida?”
Me tranqüilizou saber que ela não esteve lúcida
durante a passagem porque a fase final é difícil
de se ver. Fiquei feliz com a noticia.
15. Sonia: “ Ela acordou bem?”
Voz do Fernando: “Partiram em paz!”
Sugere que ela não havia acordado ainda, mas
que partiu suavemente.
16. Voz do Fernando: “Só se vê!”
Sonia: “Ela é minha florzinha que volta...”
17. Voz do Fernando: “Ela vai ouvir!”
Sonia: “Como que ela está? Me diga!”
Significa que a nossa conversa também estava
sendo gravada no Outro Lado e que ela ouviria
depois.
18. Voz do Fernando: “Vou dizer! Vim buscar!”
Sonia: “Estamos tentando contato hoje com a
minha mãe...”
19. Voz do Fernando: “Mas espere, a mãe ainda
está tremendo!”
20. Sonia: “Lhe agradeço por ter conduzido a minha
mãe!”
Fernando: “Vai ter contato!”
21. E querendo me tranqüilizar:
Voz do Fernando: “Escuta, tá tudo em ordem!”
22. Fernando se antecipa prevendo que vou
encerrar: -“Terminou!”
Sonia: “Obrigada Fernando, por todo o apoio de
sempre!”
23. Converso com ele um pouco e lembro da falta de
recursos financeiros para a pesquisa:
Sonia: “Problema ainda era o mesmo...”
Voz do Fernando: “Não fala!”
Isso me sugere que algo pode estar para ocorrer.
No dia do enterro da mamãe, nossa amiga Cris chegou no cemitério trazendo uma notícia, no mínimo estanha:
No caminho, ouvindo a rádio CBN, falavam a todo momento que um piloto, apavorado, havia aterissado ao ver
uma enorme nave sobre São Paulo.
No Jornal da Tarde daquele dia, publicaram a noticia:
E rimos com a hipótese de que nosso amigo Narisha tivesse
vindo buscar a mamãe...
Coincidência ou não...
sabe-se lá!
UM FATO INCOMUM...
ELA MESMA FALANDO:
evidencias
No 8o. dia de sua partida, arrisquei um contato, e em sua
própria voz ela responde:
24. Mamãe: “Eu tô falando!”
Sonia: “Oi mãe...!!!”
25. Mulher desconhecida: “Ela vai responder!”
26. Sonia: “Cê encontrou com a Sirene, mãe?”
Mamãe: “Também voltou!”
Minha prima Sirene faleceu uma semana antes. Essa
confirmação indica toda lucidez e que recuperou já a
lembrança de tudo.
27. Mamãe: “É bom avisar!”
Sonia: “Mãe, a Sirene quer mandar algum recado pro
Cláudio?”
Mamãe: “Que tanto pergunta, ô!”
Esse jeito de falar a identifica totalmente. Era mesmo
bem despachada. Isso é o jeito dela!!!
28. Desconhecida: “Ela está! Ela vai responder!”
Sonia: “ Você encontrou com a tia Lazinha?”
29. Sonia: “Papai tá vivendo a base de calmantes...”
mamãe: “Que vida, né?”
Essa complacência diante das coisas também é o
jeito dela.
Mamãe era descendente de italianos e passou
a infância ouvindo músicas típicas. Assim,
sabendo que isso iria alegrá-la, coloquei uma
música para ela ouvir:
“Com te partiró”, com o cantor Bocelli.
Com mais firmeza, mamãe fala com toda
clareza, demostrando plena lucidez e recuperação:
1. Bocelli cantando: (...)
Voz da mamãe: -”Sou sua mãe!”
Sonia: -”Mãe?”
2. Sonia: -”Mãe...”
Voz da mamãe: -”Amo você!”
Sonia: -”Você está bem?”
3. Música: Bocelli cantando...
Voz da mamãe: -”Bonito!!!”
Sonia: -”Gostou da música, mãe?”
E na seqüência me despedi, com a certeza de que
mamãe está mais viva do que nunca!
20 dias depois, ponho uma música...
20 dias depois, ponho uma música...